Acordei às 3 da manhã, não consegui mais dormir. Talvez eu já não durma bem há tempos, durmo por muitas horas e sempre estou cansada.
Eu sei o motivo, sei que meu corpo fica tenso o dia todo, que meu esforço físico é maior do que parece.
Durante a pior época da depressão, sempre convivi com uma forte ansiedade. Mas foi um período turvo, minha ansiedade se resumia a meus relacionamentos e a forma como as pessoas me viam. Acredito que tinham outras razões, mas nunca consegui identificar.
Agora eu vejo a ansiedade de forma mais clara, percebo as questões que me fazem não conseguir relaxar. O problema disso é que quase tudo tem sido motivo. Não sei se estou passando por um período digno de uma produção cinematográfica, ou se a ansiedade me traz uma óptica distorcida dos fatos. Fico com a segunda opção, já que somos amigas de longa data, conheço suas curvas.
O dia amanheceu e desisti de dormir.
Sentada na janela olhando as nuvens cruzem meu campo de visão, resolvi que era melhor olhar o mar.
O mar que sempre me fez bem, me ajudou a refletir sobre questões tão importantes e revolucionárias dentro do meu universo.
Então eu fui colocar meus pés na areia, e tentar me sentir como me sentia no passado. Faz muito tempo que não me sinto livre, o dia a dia é turvo, e eu entendo muito pouco do que está realmente acontecendo. Só vou fazendo o que tem que ser feito, sem pensar muito.
Me senti bem novamente, livre.
Liberdade talvez seja o centro da minha galáxia de ansiedades.
Todas as questões que me doem os ombros estão de alguma forma relacionadas a liberdade.
O pior é que eu sempre soube, e mesmo assim não foi o suficiente para que eu conseguisse resolver, não sei se há solução, mas precisa haver.
Refleti sobre todas as questões que me afligem enquanto olhava o mar, o céu, a areia, as pessoas vivendo suas vidas e eu não vejo mais sentido em nada disso...
Mas no fundo eu ainda podia sentir a liberdade que enchia meu coração no final de 2017.
Olhar pro horizonte do mar e pensar no quão grande o mundo é, e que isso aqui não é nada na verdade.
Se aproxima um homem, achei que ele queria deixar a roupa dele perto de alguém e entrar na água.
Ele ficou me olhando, desistiu de entrar na água e sentou.
Eu podia ver ele me olhando.
Resolvi levantar para ir embora, já que não podia ficar com meus pensamentos em paz.
Escuto alguém assoviar, olho pra trás e ele esta indo na minha direção, porém sem me olhar. Só penso em me desvencilhar desse cara.
Será que estou enlouquecendo?
Mais uma ansiedade.